MONARQUIA BRASILEIRA MUSICAL

 


Edição 30 - Outubro de 2008


COLUNA DO MAESTRO Sergio Chnee


Poucos sabem que já tivemos músicos de grande calibre na direção desta grande nação: os imperadores D. Pedro I e D. Pedro II. O pai, D. Pedro I, tem uma participação muito importante na história de nossa música. Ao se deparar com os versos de Evaristo da Veiga, em 1824, resolveu compor uma música para o poema, criando assim aquele que se tornaria o Hino da Independência. Dado o feliz resultado, por muitos anos, até mesmo a autoria dos versos lhe foi atribuída. O poeta precisou reivindicar os seus direitos e comprovar ser o autor dos versos, o que aconteceu em 1833. Seus originais se encontram hoje na seção de manuscritos da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. Também D. Pedro II foi um músico na melhor síntese da palavra. Homem extremamente bem informado, tinha cultura musical excelente e sabia, além de dar os seus passos na música, avaliar situações que mereciam apostas. É graças a essa visão que um de nossos maiores compositores, Antônio Carlos Gomes, obteve auxílio para os estudos na Europa. E veio a ter óperas estreadas com grande sucesso no importantíssimo teatro Alla Scalla, de Milão. A vida de Carlos Gomes se confunde com a história do Brasil. A Monarquia foi o palco perfeito para sua ópera. Sua vida foi um espetáculo ela própria, marcada pelas transformações de um país que apenas ensaiava sua nacionalidade. Um país de escravos e senhores, como na ópera “O Guarani” ou na temática do abolicionismo de “O Escravo”. Podemos dizer, portanto, que nossos monarcas, se não estiveram entre os mais importantes da história mundial, pelo menos puderam escrever capítulos que honram a nossa história artística, o que, dada a realidade de muitas nações, não é pouco!

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