A missão da Família Imperial é servir ao Brasil e aos brasileiros em qualquer campo e a qualquer momento em que sejamos chamados
Dom Antônio de Orleans e Bragança
"Tenho fé que em breve vamos restaurar a Monarquia"
Leonel Ximenes lximenes@redegazeta.com.br
A Família Imperial Brasileira tem esperança de que a Monarquia seja restaurada um dia no país?
Sim, e temos trabalhado neste sentido, fazendo palestras e esclarecendo os ideais monárquicos em escolas, universidades, encontros monárquicos e visitas a cidades, sempre em fidelidade com os princípios que nos foram transmitidos por nossos pais e avós, e que nossos imperadores transmitiram a eles. Só Deus sabe quando a restauração se dará, mas tenho muita fé de que será em breve. A República chegou ao fundo do poço, está em seus últimos dias, levada pela degradação e corrupção que trouxe ao país. Para voltarmos à harmonia, é necessário antes restaurarmos no Brasil uma sociedade autenticamente cristã e monárquica.
O Brasil era melhor e mais feliz no período monárquico?
Sem dúvida. Ao logo de quase meio século, meu trisavô, o imperador Dom Pedro II, conduziu os destinos públicos do país de acordo com as legítimas aspirações de seu povo, manifestadas em eleições que ocorriam religiosamente de acordo com o calendário eleitoral vigente. Sua filha, minha bisavó, a Princesa Dona Isabel, nas três vezes em que foi regente do Império representou o modelo ideal de soberana católica e fervorosa. O Brasil era um dos primeiros países do mundo, que nada deixava a desejar em relação aos Estados Unidos ou à Europa. Tudo isso se perdeu com a República, mas a boa obra da Monarquia se faz sentir até os dias de hoje.
Por que boa parte dos monarquistas do país apoiou Bolsonaro na eleição presidencial?
O presidente Bolsonaro foi eleito por representar uma reação sadia não só da maior parte dos monarquistas, mas, principalmente, da maior parte dos brasileiros. Ele venceu justamente por se colocar em defesa dos valores naturais do nosso povo, em defesa da família e da vida. Além de representar também a defesa da livre-iniciativa, tão necessária para que o país se desenvolva economicamente. Se o outro candidato que foi para o segundo turno tivesse sido eleito, o Brasil teria se transformado em uma grande Venezuela, e a América do Sul em uma nova União Soviética. Felizmente, o povo brasileiro rechaçou esse projeto de poder social-comunista nas ruas e nas urnas, bradando que a nossa bandeira é verde e amarela e jamais será vermelha.
Qual sua avaliação da gestão do presidente neste quase 10 meses de governo?
Eu considero que o presidente Bolsonaro soube se cercar de uma equipe excelente de ministros, com os melhores nomes em suas respectivas áreas, para tocar o Brasil para frente, de acordo com os anseios do nosso povo. Para se derrubar uma casa, derruba-se em um dia, mas para construir, demora-se um ano. Assim também não podemos cobrar soluções imediatas do governo, e sim aguardar que os bons resultados virão, com a necessária cooperação dos demais Poderes.
O príncipe Luiz Philippe de Orléans e Bragança se candidatou e foi eleito deputado federal por São Paulo. Não é uma incoerência um monarquista participar de eleições republicanas?
Meu sobrinho, o príncipe Dom Luiz Philippe, candidatou-se a deputado federal por acreditar que seria a melhor forma de servir ativamente à nação, e está realizando um bom trabalho. Assim também o fez o pai dele, meu irmão, o príncipe Dom Eudes, que por muitos anos serviu à Marinha, colocando-se em defesa da pátria. A missão da Família Imperial é servir ao Brasil e aos brasileiros em qualquer campo e a qualquer momento em que sejamos chamados para tal, independentemente do regime político em vigor. Ademais, como meu sobrinho, nas palavras dele próprio, é um "príncipe não-dinasta", nada o impede de servir ao país como deputado.
Os monarquistas têm uma imagem conservadora e, por vezes, reacionária na sociedade. Vocês são contra as mudanças?
O movimento monárquico liderado por meu irmão, o príncipe Dom Luiz, chefe da Casa Imperial do Brasil, não é contrário a mudanças que ajudariam no desenvolvimento do Brasil, mas é firme em defesa do Direito Natural, dos princípios que decorrem do Decálogo e da boa ordem posta por Deus na Criação. Se o Brasil e as outras nações fossem governados de acordo com estes valores, teríamos um mundo ideal. Restaurada a Monarquia, o imperador usaria de todas as suas atribuições constitucionais, e também de seu prestígio junto ao povo, para impedir a aprovação de qualquer legislação contrária a estes princípios.
A Família Imperial Brasileira sempre teve no catolicismo um traço muito marcante. Qual sua avaliação do pontificado do papa Francisco e da perda de fiéis da Igreja Católica para as igrejas neopentecostais?
Sou um filho fiel da Igreja, minha família é católica há mais de mil anos e descendo de ao menos três santos canonizados. Portanto, sou fiel ao papa e rezo por ele e por seu pontificado. Agora, isso não impede que eu, sendo católico, me preocupe com o futuro da Igreja. A Igreja começou a perder fiéis a partir do momento que determinados membros do clero passaram a tomar posições políticas de esquerda, materialistas, como a Teologia da Libertação, deixando para o segundo plano sua missão transcendental de conversão e salvação das almas.
Qual a rotina de um príncipe? O sr. frequenta bares, teatros, cinemas e restaurantes? Gosta da internet e das redes sociais? Bebe uma cachacinha?
Nossa rotina é completamente normal, igual à de todos os brasileiros. Trabalhei por muitos anos como engenheiro, em empresas brasileiras e europeias, e, hoje aposentado, venho me dedicando à pintura em aquarela. Minha esposa, a princesa Dona Christine, e eu criamos nossos quatro filhos para serem bons cidadãos e bons católicos, que põem o Brasil acima de tudo. Agora temos dois netos maravilhosos. Aprecio o teatro, bons filmes, boa música e boa comida, como todos os meus compatriotas; deixo as redes sociais para os mais jovens; e como bom brasileiro, penso que uma dose de uma boa cachaça é tão boa como um vinho ou um uísque de primeira.
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