Famílias relatam "sinais" que anteciparam tragédia
ITALO NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo, no Rio
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Acreditar mesmo desacreditando é a opção dos descendentes da família imperial brasileira. Eles afirmam ter apenas "0,001% de esperança" de encontrar dom Pedro Luiz de Orleans e Bragança, 26, vivo. "É um fio de esperança. Mas é acreditar sem acreditar", afirma dom Antônio João de Orleans e Bragança, 58.
Apesar de dizer ter 99,999% de certeza de que o filho não voltará, dom Antônio prefere chamar a missa a ser celebrada na quarta-feira de "homenagem à alma do Pedro Luis". "[Homenagem] em vida ou na morte. A alma é imortal".
Religiosa, a família Orleans e Bragança rezou um terço na noite de segunda, dia em que o desaparecimento foi divulgado. Por toda a semana, recebeu visitas de amigos e parentes.
Dom Antônio diz estar "preparado para o pior", mas faz questão de lembrar a história de seu irmão, dom Eudes, que sobreviveu a um acidente de avião na Jamaica, na década de 70. Ele foi dado como morto após a localização da aeronave destruída, mas foi encontrado cinco dias depois.
O "ritual" de luto dos descendentes da família imperial foi relembrar os bons momentos com Pedro Luis.
Uma das memórias foi uma partida de golfe disputada no dia em que o rapaz embarcou para Paris --o seu destino final era Luxemburgo, onde estagiava. Pedro jogou com o irmão, dom Rafael de Orleans e Bragança e o pai, o que raramente acontecia.
"Vou lembrar sempre das brincadeiras, de caçoar um com outro. [Na partida de golfe] A gente apostou, numa rivalidade saudável. Ele sempre jogou melhor do que eu. Dessa vez eu ganhei e fácil", lembrou Rafael, que cultiva a imagem da vitória esportiva para amenizar a perda familiar.
Dom Antônio contou que só recebeu a notícia do desaparecimento do filho junto à família porque não voltou para Petrópolis, onde mora, na segunda-feira por "não estar com o espírito bom".
Para ele a última imagem da família unida --tanto na despedida de Pedro como na chegada da notícia do desaparecimento-- mostra "como Deus é bom".
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