A popular monarquia de Elizabeth II
Isabel II faz 90 anos e a monarquia nunca foi tão popular
A rainha terá um jantar com a família, um banho de multidão, tiros de canhão. A festa desta mulher que é "verdadeiramente a chefe", como disse o neto William, continua em Junho.
Para o aniversário, o Palácio de Buckingham encomendou à fotógrafa Annie Leibovitz três novos retratos. Aqui, com os seus quatro cães: Willow, Vulcan, Holy e Candy ANNIE LEIBOVITZ/REUTERS
Isabel II celebra 90 anos num momento auspicioso é uma monarca muito popular, que fez com que os britânicos voltassem a gostar da monarquia, reservando um papel à instituição no futuro. Mas apesar do ambiente de festa, o aniversário da rainha ocorre num momento delicado para os britânicos, que no dia 23 de Junho decidem, em referendo, se permanecem ou não na União Europeia.
A rainha vai manter a rigorosa neutralidade que cumpre há 63 anos, não vai participar no debate público ou revelar qual é a sua opinião. Os conhecedores da família real, porém, vão escrutinar todos os seus gestos, todos os sinais, na procura de qualquer coisa que lhes indique a posição da monarca sobre o assunto – eles sabem que Isabel II os dá; pouco antes do referendo sobre a independência na Escócia, em 2014, a rainha exprimiu a sua inquetação com a possibilidade de o reino se fragmentar.
Elizabeth Alexandra Mary Windsor nasceu no dia 21 de Abril de 1926, em Londres. Tornou-se rainha a 6 de Fevereiro de 1952, tinha 25 anos, e no dia 9 de Setembro do ano passado bateu o recorde de longevidade de um monarca no trono que era detido pela sua trisavó Vitória, que reinou 63 anos, sete mese e dois dias, entre 1837 e 1901.
Se, em 2001, um britânico em cada três apoiava a abdicação da rainha, –hipótese improvável, segundo os especialistas – , agora esse numero é bastante diferente, apenas um em cada cinco, segundo uma sondagem do Instituto Ipsos realizada para o Kings College de Londres.
"A rainha é extremamente popular, devido à sua personalidade e ao seu trabalho", explica o professor Roger Mortimore, do King's College.
A sondagem nota igualmente que três quartos dos britânicos são fiéis à monarquia. Isabel II "conseguiu fazer com que a instituição voltasse a ser popular, e a maior parte das pessoas pensa que a monarquia desempenhará um papel importante no futuro", diz Mortimore.
A monarquia britânica tem, pois, a promessa de um "futuro radioso", mas também desliza pouco a pouco em direcção à gerontocracia – o príncipe Carlos, o herdeiro, já tem 67 anos.
Isabel II celebra o seu aniversário em dois tempos, um privado e um público. Em privado (e já se verá que a celebração não é assim tão reservada), festeja o dia em que realmente nasceu, 21 de Abril. Em Junho, sempre a um sábado, realiza as cerimónias públicas e esta dupla celebração explica-se com o tempo – Junho, quando a chuva e o frio abrandam e há dias mais compridos e de sol, é possível realizar com sucesso cerimónais como paradas militares ou festas de jardim.
Este ano, contudo, o programa foi ligeiramente alterado – são 90 anos e há festejos marcados já para as próximas semanas.
A rainha decidiu celebrar 90 anos no castelo de Windsor, onde reunirá toda a família. Está previsto que saia à rua para um banho de multidão. Nesse momento, em Londres, o primeiro-ministro, David Cameron, vai prestar-lhe homenagem no Parlamento e os canhões da cidade serão disparados em honra da ainda muito enérgica nonagenária.
À noite, a rainha participa num jantar familiar e acenderá uma fogueira comemorativa, a primeira das muitas que serão acesas pelo mundo inteiro para celebrar a data.
"O dia do aniversário da rainha é feriado nas Malvinas", anunciou um porta-voz do governo deste arquipélago no Atlântico Sul. "Este ano, e tal como acontecerá noutros países que integram a Commonwealth, participamos nas celebrações acendendo uma fogueira".
Na sexta-feira, Isabel II janta com o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que está em visita oficial ao Reino Unido — vai intervir a favor da permanência do território na União Europeia.
Antes mesmo do aniversário, Isabel II começou a receber homenagens, e uma das primeiras foi feita pelo seu neto William. "Ela pode ser a minha avó, mas é verdadeiramente a chefe", disse o príncipe, o filho mais velho do herdeiro da coroa, numa entrevista à BBC. "Ela é uma incrível fonte de inspiração para toda a família".
A imprensa britânica multiplicou as edições especiais consagradas à vida daquela que oDaily Telegraph apresenta como "a mulher mais famosa do mundo". "Feliz aniversário, majestade", escreve este jornal diário, que cita Shakespeare e o seu soneto 104, uma declaração de amor: "To me, fair friend, you never can be old, For as you were, when first your eye I ey'd, Such seems your beauty still".
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